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quinta-feira, 22 de março de 2012

O culto a Moloch - Sacrifício de recém-nascidos


Moloch era o deus cananeu do Sol, e seu nome, entre o povo judeu, estava associado ao sacrifício de crianças. O Velho Testamento usa o termo Moloch mais para descrever uma forma de sacrifício do que um deus propriamente dito. O tal sacrifício consistia em queimar vivos os filhos do rei e assim convencer o deus a ser bonzinho.

As descrições revelam que Moloch era um deus como um homem, mas com cabeça de touro. A prática ritualística de levar as crianças a gritar até a morte no calor do fogo de um deus começou em um período muito antigo e mantinha tamanho poder sobre o mundo dos pais que a lei mosaica estabeleceu que se algum homem fizesse ou permitisse que seus filhos passassem por esse sacrifício, deveria ser morto.  A Bíblia chama esse sacrifício infantil de “a abominação dos amoleus”, mas é preciso aceitar que esse ritual horrível ainda era conduzido no tempo em que a Lei judaica estava sendo escrita.

A Enciclopédia Mythica nos ensina que a estátua de Moloch era um horripilante incinerador de crianças:

“Moloch era representado por uma gigantesca estátua de bronze de um homem com cabeça de touro. A estátua era oca e em seu interior mantinha-se um fogo que coloria o Moloch de um vermelho sombrio. As crianças eram colocadas nas mãos da estátua. Por meio de um engenhoso mecanismo, as mãos eram levantadas até a boca e as crianças caíam dentro do fogo onde eram imoladas. O povo reunido á frente de Moloch ficava dançando ao som de flautas e tamborins para abafar os gritos das vítimas.”

A semelhança com o mito do Minotauro é nítida. Uma criatura humana com cabeça de touro que vivia no labirinto de Minos, na ilha de Creta. O Minotauro era uma descendência de Pasífae, esposa de Minos, e de um touro branco que o deus Poseidon mandou ao rei. O touro era tão bonito que Minos recusou-se a sacrificá-lo, como pretendia Poseidon. Quando Minos desobedeceu-o, Poseidon enfureceu-se com essa mostra de desrespeito. Vingou-se então de Minos fazendo sua esposa apaixonar-se pelo touro.  Sua paixão foi tão intensa que ela ficou grávida do belo touro branco.

Quando Pasífae deu á luz o mostro, Minos não correu para abraçar seu filho bastardo. Em vez disso, mandou o arquiteto e inventor Dédalo construir um labirinto tão intricado que escapar dele sem um guia seria impossível. No centro desse complicado quebra cabeças o rei escondeu a evidencia da união bestial com a mulher.

Minos não mandou matar a criatura por medo de que as represálias pudessem ser ainda piores, e ele não poderia deixar o monstro morrer de fome tendo de alimentá-lo. O Minotauro gostava de crianças, e podia comer 14 delas de uma só vez.

Confinado ao labirinto, o Minotauro era alimentado com sete meninos e sete meninas todos os anos. Minos cobrava o suprimento de crianças como um tributo anual da cidade de Atenas.

Há muitas razões para imaginar uma ligação entre essa lenda minoana e o Moloch cananeu.

O Templo de Salomão ficava no Monte Moriá. De acordo com a tradição registrada no capitulo 22 do Gênesis, o Monte Moriá foi o local onde Abraão começou os preparativos para o sacrifício de Isaac. Foi nesse local que o pai do Judaísmo construiu uma pira de madeira para matar seu filho nas chamas de Moloch. A história em Gênesis 22:4-10 conta que Abraão estava pronto para imolar Isaac movido pela força de sua superstição religiosa, tão grande que seria capaz de ignorar os lamentos de um filho torturado, queimando lentamente até a morte apenas para assegurar boa sorte ao pai.

Representação de William Blake 

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