Em primeiro lugar, há o receio da anexação do país como colônia estrangeira, como ocorreu em vários (de fato, quase a totalidade) países asiáticos. Com certeza, as informações sobre esses fatos não eram do desconhecimento de Hideyoshi Toyotomi ou dos Xoguns do clã Tokugawa.
Em segundo lugar, e talvez a mais temida, é a mudança do comportamento de um cristão convertido: ele ama Deus acima de tudo e, portanto, procura ser fiel às Suas Palavras, o que significa ser contrário ao pecado e às injustiças, mesmo que estas venham do seu superior hierárquico... E o fiel cristão, tendo como meta a felicidade eterna, não teme o sofrimento nem a morte quão terríveis sejam. Esta atitude deve ter chocado de frente com a prática do bushi-do (caminho do samurai), onde o subordinado muitas vezes era obrigado a se sacrificar pelo seu superior, numa atitude idolátrica...
Segundo história, Hideyoshi, visitando Hakata, hospedou-se no palácio do “daimyo” Cristão Arima e, ao 'escolher' as belas jovens para passarem a noite com ele, teve a recusa de todas, cristãs, que preferiram manter a pureza à dar-se ao poderoso deste mundo. Isto o preocupou sobremaneira, pois o fato das “simples” mulheres recusarem o maior mandatário do país num ambiente extremamente machista, era para ele um absurdo.
Nossa Senhora do Japão |
Assim como Cristo foi crucificado pelo temor dos 'poderosos' de Israel que se sentiram ameaçados pelas Suas mensagens de paz, caridade e fraternidade, os “poderosos” japoneses que viviam numa sociedade extremamente classista e injusta, sentiram ameaçados pelo Seu apelo de um mundo mais humano, justo e digno.
Hoje, os verdadeiros cristãos sentem o mesmo peso e ameaça de um mundo igualmente injusto e excludente, apesar de todo o progresso tecnológico alcançado pela humanidade, pois esta tecnologia que, ao mesmo tempo em que possibilita a democratização do conhecimento, pode se tornar o grande meio de controlar o povo e afastá-lo do caminho da felicidade eterna.
Precisamos refletir mais que nunca os exemplos daqueles que viveram a fé até às últimas conseqüências e convertermo-nos cada vez mais, a fim de alcançarmos a verdadeira meta da criatura humana, isto é, sermos co-herdeiros do Reino de Deus e participantes da natureza divina, não pelo nosso mérito, mas unicamente pelo mérito de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Redentor.
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