Páginas

sábado, 23 de maio de 2015

O Cristianismo no Japão - Parte 5 : As Razões da Perseguição

Embora nunca cheguemos a compreender plenamente as razões que levaram os poderosos Xoguns a proibir a prática e difusão da Fé Cristã, temos algumas pistas para entender melhor toda aquela terrível perseguição.

Em primeiro lugar, há o receio da anexação do país como colônia estrangeira, como ocorreu em vários (de fato, quase a totalidade) países asiáticos. Com certeza, as informações sobre esses fatos não eram do desconhecimento de Hideyoshi Toyotomi ou dos Xoguns do clã Tokugawa.

Em segundo lugar, e talvez a mais temida, é a mudança do comportamento de um cristão convertido: ele ama Deus acima de tudo e, portanto, procura ser fiel às Suas Palavras, o que significa ser contrário ao pecado e às injustiças, mesmo que estas venham do seu superior hierárquico... E o fiel cristão, tendo como meta a felicidade eterna, não teme o sofrimento nem a morte quão terríveis sejam. Esta atitude deve ter chocado de frente com a prática do bushi-do (caminho do samurai), onde o subordinado muitas vezes era obrigado a se sacrificar pelo seu superior, numa atitude idolátrica...

Segundo história, Hideyoshi, visitando Hakata, hospedou-se no palácio do “daimyo” Cristão Arima e, ao 'escolher' as belas jovens para passarem a noite com ele, teve a recusa de todas, cristãs, que preferiram manter a pureza à dar-se ao poderoso deste mundo. Isto o preocupou sobremaneira, pois o fato das “simples” mulheres recusarem o maior mandatário do país num ambiente extremamente machista, era para ele um absurdo.

Nossa Senhora do Japão

Assim como Cristo foi crucificado pelo temor dos 'poderosos' de Israel que se sentiram ameaçados pelas Suas mensagens de paz, caridade e fraternidade, os “poderosos” japoneses que viviam numa sociedade extremamente classista e injusta, sentiram ameaçados pelo Seu apelo de um mundo mais humano, justo e digno.

Hoje, os verdadeiros cristãos sentem o mesmo peso e ameaça de um mundo igualmente injusto e excludente, apesar de todo o progresso tecnológico alcançado pela humanidade, pois esta tecnologia que, ao mesmo tempo em que possibilita a democratização do conhecimento, pode se tornar o grande meio de controlar o povo e afastá-lo do caminho da felicidade eterna.

 Precisamos refletir mais que nunca os exemplos daqueles que viveram a fé até às últimas conseqüências e convertermo-nos cada vez mais, a fim de alcançarmos a verdadeira meta da criatura humana, isto é, sermos co-herdeiros do Reino de Deus e participantes da natureza divina, não pelo nosso mérito, mas unicamente pelo mérito de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Redentor.

Fonte