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sábado, 12 de novembro de 2011
Lilith - A primeira Eva
Aspectos Históricos e Psicológicos do Lado Sombrio Feminino
por Siegmund Hurwitz
O primeiro capitulo da Bíblia, conta a história de Adão e Eva, mas, segundo o Zohar (comentário rabínico dos textos sagrados), Eva não é a primeira mulher de Adão. Quando Deus criou Adão, ele o fê-lo macho e fêmea, depois cortou-o ao meio, chamou esta nova metade de Lilith e deu-a em casamento a Adão. Mas Lilith recusou, não queria ser ofercida a ele, tornar-se desigual, inferior, e fugiu para ir ter com o Diabo.
Deus tomou uma costela de Adão e criou Eva, mulher submissa, dócil, inferior perante ao homem.
De acordo com Hermínio, "Lilith foi feita por Deus, de barro, à noite, criada tão bonita e interessante que logo arranjou problemas com Adão". Esse ponto teria sido retirado da Bíblia pela Inquisição. O astrólogo assinala que ali começou a eterna divergência entre o masculino e o feminino, pois Lilith não se conformou com a submissão ao homem.
O mito de Lilith pertence à grande tradição dos testemunhos orais que estão reunidos nos textos da sabedoria rabínica definida na versão jeovística, que se coloca lado a lado, precedendo-a de algns séculos, da versão bíblica dos sacerdotes. Sabemos que tais versões do Gênesis - e particulamento o mito do nascimento da mulher - são ricas de contradições e enigmas que se anulam.
Nos deduzimos que a lenda de Lilith, primeira companheira de Adão, foi perdida ou removida durante a época de transposição da versão jeovística para aquela sacerdotal, que logo após sofre as modificações dos pais da igreja.
Origens e desenvolvimento
Suas origens longíquas se situam na velha Babilônia, onde os antigos semitas adotaram as crenças de seus predecessores, os sumérios, e está ligada aos grandes mitos da criação. Laços estreitos a unem à serpente: lembranças de um culto muito antigo que honrava uma Grande Deusa, ou Grande Mãe, ou Grande Serpente - potência cósmica do Eterno Feminino adorada sob o nome de Astartéia, Ishtar, Innana etc. A palavra suméria lil (vento, ar, tempestade) pode ser entendida no mito como o vento ardente que, segundo a crença popular, punha febre as mulheres logo após o parto. Lilith foi primitivamente considerada uma das grandes forças hostis da natureza, parte de um grupo de três demônios, um macho e duas fêmeas.
Foi provavelmente durante o cativeiro da Babilônia que os judeus travaram conhecimento com esse demônio, ativo principalemnte a noite. Ora representada como uma prostitutas de seios secos, que não podia ter filhos; ora como uma linda jovem com pés de coruja, o que identificava sua vida noctívaga.
Durante a Idade Média suas histórias se multiplicaram. Era identificada, por exemplo, como uma das duas mulheres que foram ao rei Salomão para que ele decidisse qual das duas era a mãe verdadeira da criança que amba reivindicaram.
Uma forte crença em sua presença foi encontrada entre os elementos mais conservadores da comnidade judaica do século XIX. Chamada por muitos de Rainha do Mal e Mãe dos Espíritos Malignos, Lilith é representante de um ser que aparece na maioria das culturas. As mais antigas, além dela mesma, incluem a Iâmia grega, a Iangsuyar malaia e também a Ioogaroo, a sukuyan e a asema, vampiras da área do Caribe.
O espirito feminista
No Talmude, séc. 6 a.c., mesmo pouco havendo sobre ela, aparece como a primeira mulher de Adão. Conta-se que, feita do mesmo barro que moldou Adão, não se deixou subjulgar por ele durante o primeiro intercurso sexual, levando-o a se sentir repelido e desejoso de outro tipo de companheira.
Lilith queria fazer valer seus direitos como criatura de Deus, colocava sua posição e rejeitava submissão a Adão, queria ser igual. Ficando a situação insustentável, dizem que fugiu para o Mar Vermelho, o lar dos espíritos malignos.
Deus enviou três anjos, Senoy, Sansenoy e Semangelof - mas Lilith se recusou a voltar se fosse para continuar a situação anterior. A fuga, então, converteu-se em expulsão. Passou a ser considerada um vampiro, pois tinha poderes sobre os bebês e os homens que dormem sozinhos.
Lilith se tornará instigadora de grandes conflitos e amores ilegítimos; a pertubadora dos leitos conjugais. Representará, ademais, a mulher desdenhada ou abandonada por causa da outra, os ódios contra a família, o ódio aos casais e filhos.
Acima de tudo Lilith é uma criatura revoltada que na afirmação de seu direito à liberdade e ao prazer, à igualdade em relação ao homem, perderia a si própria, assim como perde aqueles que encontra.
Ultimas considerações sobre o mito
Durante os primeiros séculos da era cristã, o mito de Lilith ficou bem estabelecido na comunidade judaica. Lilith aparece no Zohar, o livro do Esplendor, uma obra cabalística do século 13 que constitui o mais influente texto hassidico e no Talmude, o livro dos hebreus. No Zohar Haddasch (seção Utro.pag.20), está escrito que Samael-o tentador- junto com sua mulher Lilith tramou a sedução do primeiro casal humano. Não foi grande o trabalho que Lilith teve para corromper a virtude de Adão, por ela machucada com seu beijo; o belo arcanjo Samael fez o mesmo para desonrar Eva: E essa foi a causa da mortalidade humana. O Talmunde menciona que "Quando a serpente envolveu-se com Eva atirou-lhe a mácula cuja a infeção foi transmitida a todos os seus descendente ... " (Shabbat, fol.146, recto). Em outras partes, o denônio masculino leva o nome de Leviatã, e o feminino de Heva. Essa Heva, ou Eva, teria representado o papel da esposa de Adão no éden durante muito tempo, antes que o Senhor retirasse do flanco de Adão a verdadeira Eva (primitivamente chamada de Aixha, depois de Hecah ou Chavah). Das relações entre Adão e a Heva-serpente, teriam nascido legiões de larvas, de súcubos e de espíritos semiconscientes (elementares). Os rabinos fazem de Leviatã uma espécie de ser andrógino infernal, cuja a encarnação macho (Samael) é a "serpente insinuante" e a encarnação fêmea (Lilith) é a "cobra tortuosa". Segundo o Sepher Emmeck-Ameleh, esses dois seres serão aniquilados no fim dos tempos: "Nos tempos que virão o Altíssimo decapitará o ímpio Samael, pois está escrito (Is. XVII, 1): 'Nesse tempo Jeová com sua espada terrível visitará Leviatã, a serpente insinuante que é Samael e Leviatã, a cobra tortuosa que é Lilith' (fol. 130, col. cap XI). Também segundo os rabinos Lilith não é a unica esposa de Samael: dão o nome de três outras: Aggarath, Nahemah e Mochlath. Mas das quatro demônias, só Lilith dividirá com o esposo a terrível punição, por tê-lo ajudado a seduzir Adão e Eva. Aggarath e Mochlath tem apenas um papel apagado, ao contrário do que acontece com as outras duas irmãs, Nahemah e Lilith.