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sábado, 17 de março de 2012

A arte de Rafael Sanzio


Filho do poeta Giovanni Santi, pintor e poeta, autor de uma famosa crônica em verso sobre sua cidade natal, Colbordolo.
Rafael nasceu na cidade de Urbino, foi seu pai quem ensinou-o a pintar e, também, quem o introduziu à corte humanista da cidade, que ao final do século XV, havia se tornado um dos mais ativos centros culturais da Itália.
Ele forma junto com Michelangelo e Leonardo da Vinci, a tríade de grandes mestres do Alto Renascimento.
Precoce, aos 17 anos, já era considerado um mestre, levando seu nome respeito e curiosidade em outras escolas da região, entrando, posteriormente, na famosa escola florentina.
Com 25 anos de idade, ainda forjando seu estilo, já conquistou a fama e os favores do papa, sendo desde essa época, chamado de "o Príncipe dos Pintores".
Em Florença, Rafael tornou-se amigo de vários pintores locais, destacando-se Fra Bartolomeo, um proponente do idealismo renascentista. A influência de Fra Bartolomeo o levou a abandonar o estilo suave e gracioso de Perugino e abraçar a grandiosidade e formas mais poderosas. Entretanto, a maior influência sobre a obra de Rafael durante seu período florentino veio de Leonardo da Vinci e suas composições, figuras e gestuais, bem como suas técnicas inovadoras como o chiaroscuro e o sfumato.
Rafael Sanzio era celebrado pela perfeição e suavidade de suas obras. Fez uso das grandes inovações introduzidas na pintura do Renascimento, e de Da Vinci a partir de 1480: o chiaroscuro (claro-escuro), contraste de luz e sombra que empregou com moderação, e o sfumato (esfumado), sombreado levemente esbatido, em vez de traços, para delinear as formas. A influência de Michelangelo, patente na Pietà e na Madona do baldaquino, consistiu sobretudo na exploração das possibilidades expressivas da anatomia humana.
Sua imaginação era variada e fértil.
Seus trabalhos eram destinados a glorificar o poder da Igreja Romana através da justificação do Humanismo e do Neoplatonismo. Uma série de obras-primas, como a "Disputa" (ou "Discussão do Santíssimo Sacramento"), onde ele mostra uma visão celestial de Deus, seus profetas e apóstolos a encimar um conjunto de representantes da igreja, e equipara a vitória do catolicismo à afirmação da verdade. Outra obra de suma importância também é Escola de Atenas, uma alegoria complexa do conhecimento filosófico profano, pintados na Stanza della Segnatura, o tornou o artista mais procurado da cidade.
Discussão do Santíssimo Sacramento
Em "Escola de Atenas", ele mostra um grupo de filósofos de várias épocas históricas ao redor de Aristóteles e Platão, ilustrando a continuidade histórica do pensamento platônico.

Escola de Atenas
Após a morte de Júlio II, em 1513, a decoração dos aposentos pontifícios prosseguiu sob o novo papa, Leão X, até 1517. Apesar da grandiosidade do empreendimento, cujas últimas partes foram deixadas principalmente por conta de seus discípulos, Rafael, que então se tornara o pintor da moda, assumiu ao mesmo tempo numerosas outras tarefas: criou retratos, altares, cartões para tapeçarias - os chamados Cartões de Rafael, cenários teatrais e projetos arquitetônicos de construções profanas e igrejas como a de Sant'Eligio degli Orefici. Tamanho era seu prestígio que, segundo o biógrafo Giorgio Vasari, Leão X chegou a pensar em fazê-lo cardeal.
Era competente pesquisador interessado na antiguidade clássica, um de seus ofícios, também, era supervisionar e preservar as preciosas inscrições latinas em mármore. Dois anos depois, foi nomeado encarregado geral de todas as antiguidades romanas, para o que executou um mapa arqueológico da cidade.
Fez um exame detalhado da estrutura e dos elementos arquitetônicos do Panteão, como ninguém havia feito até aquele momento, o que també despertou nele seu viés artístico não apenas para pintura mas para arquitetura.
O primeiro trabalho arquitetônico conquistado por Rafael foi a posição de arquiteto da nova Basílica de São Pedro, cuja construção começou em 1506. A posição havia sido vagada pela morte de Bramante em 1514. Rafael mudou a planta de um desenho de inspiração grega para um design longitudinal. Contudo este projeto foi modificado novamente após sua morte.
Dois anos depois ele projetou as linhas da importante Villa Madama em Roma. Construída para o papa, era uma imitação das vilas que existiam por toda a Roma clássica e cuja descrição Rafael encontrou nos textos de Plínio o Velho.
Villa Madona – a mais antiga, foi projeto inacabado de Rafael, onde repete com muito cuidado aquilo que vinha descrito nos textos. O projecto original era majestoso e complexo, envolvendo uma ampla extensão de terreno que seria necessário graduar com uma sucessão de terraços, perspectivas renascentistas e jardins à italiana até o rio Tibre. Para a realização dos respectivos contrafortes também foi pedida a colaboração de Antonio da Sangallo, conhecido pelas suas capacidades técnicas nas fortificações.
A Villa Madama foi a primeira vila suburbanas segundo o modelo das vilas romanas, projectadas para festas e entretenimento, integrada com a natureza, arquitectura de veraneio, construidas em Roma no século XVI. Foi idealizada com a intenção de rivalizar com as descrições das vilas da Antiguidade, como a famosa descrição que Plínio fez da sua própria, e com as villas contemporâneas como a da Vila Farnesina.

O prestígio de Rafael até mesmo deu a sua obra um papel na criação e fortalecimento de alianças políticas, como no caso de trabalhos hoje em dia expostos no Museu do Louvre, que foram enviados à corte francesa, e o retrato de Lourenço de Médici para o partido florentino.
Rafael nunca se casou, ainda que algumas fontes afirmem que em 1514 ele estava noivo de Maria Bibbiena, sobrinha de um cardeal, mas o noivado terminou devido a morte prematura da jovem.
Diz a lenda que seu grande amor foi "Fornarina" (padeirinha), mas sua existência jamais foi confirmada. Segundo Vasari, a morte prematura de Rafael foi causada por excesso de amor.