sexta-feira, 16 de março de 2012

A arte de Sandro Botticelli - Dualidade mística

Sandro Botticelli é considerado por muitos o pintor mais notável da segunda metade do Século XV.

Aprendiz de Andréa del Verrochio da escola Florentina do Renascimento, suas pinturas são marcadas pelo cunho mitológico.

A escola Florentina do Renascimento compreende um grupo de pintores italianos influenciados pelo estilo naturalista desenvolvido na cidade de Florença. A arte da escola Florentina fundia elementos da arte bizantina com a arte paleocristã e com a arte romana, distanciando-se da chamada maiera greca, que dominava a Itália naquele tempo.

Protegido da família Medici, uma grande família da cidade-estado Toscana (na Itália), da qual dedicou diversos trabalhos como "Retrato de Giulliano de Medici" e "Adoração dos Magos", Botticelli recebeu referências filosóficas do neoplatonismo cristão nos círculos da corte de Lorenzo de Médici, que conciliava idéias cristãs com as clássicas.

Devido a esse contato com o mundo pré-cristão pintou cenas mitológicas como "A Primavera" e o "Nascimento de Vênus".

Como dito, o paganismo sob a ótica cristã é o que marca bastante seus trabalhos, embora hoje não há consenso na interpretação dessas pinturas.
O "Nascimento de Vênus" por exemplo, pode ser vista como fonte do amor divino, tanto do ponto de vista cristão quanto pagão. Na pintura, Venus é mostrada mas na posição típica da Virgem Maria.

Ele também estudou as esculturas da Antiguidade evoluindo posteriormente para a acentuação das formas decorativas e da atenção dispensada à harmonia linear do traçado e ao vigor e pureza do colorido. Suas obras tardias revelariam ainda um expressionismo trágico, de agitação visionária, fruto certamente da pregação de Savonarola.

Apesar do contato com o mundo pagão, sua devoção religiosa era considerada intensa e reconhecida.

Sob recomendação do Papa Sisto 4º, foi para Roma junto com Ghirlandaio, Luca Signorelli, Cosimo Rosselli e Perugino para decoração da Capela Sistina, onde realizou os afrescos "As provações de Moisés", "Os castigos dos Rebeldes" e "Tentação de Cristo".

Não foi a primeira vez que seus trabalhos eram usados em uma instituição religiosa, na adolescência trabalhou na casa de um ourives, na oficina de Fillipo Lippi, a quem teria ajudado nas decorações da Catedral de Prata.

Na temática religiosa destacam-se também São Sebastião (1473) e um afresco sobre Santo Agostinho.

Foi ainda destacado retratista, e seu talento excepcional de transpor para a linguagem formal as concepções de seus clientes tornou-o um dos pintores mais disputados de seu tempo. Sua reputação, alvo de um curto reavivar de interesse no século XVI, logo esvaiu-se, e somente com o reaparecimento de uma crescente curiosidade pelo Renascimento, registrada no século XIX, e, em particular, pela interpretação filosófica de suas obras, é que sua arte volta a adquirir o êxito e a fama que mantém até hoje.

Abaixo alguns de seus trabalhos, que mostram bem a dualidade mística (pagã e cristã) de Botticelli






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