quarta-feira, 31 de julho de 2013

Prudência: Da Mitologia ao Debate Filosófico em Tomás de Aquino



Considerações gerais

Prudência, na mitologia é o nome romano de Métis, a deusa da prudência.
Classicamente, prudência é considerada uma virtude, e de fato, uma das quatro virtudes cardinais. A palavra vem de prudencia (expressão francesa do final do século 13), do latim prudentia (que significa previsão, sagacidade). Freqüentemente é associada com a sabedoria, introspecção e conhecimento. Neste caso, a virtude é a capacidade de julgar entre ações maliciosas e virtuosas, não só num sentido geral, mas com referência a ações apropriadas num tempo dado e lugar. Embora a prudência não execute qualquer ação, e está preocupada unicamente com o conhecimento, todas virtudes têm que estar reguladas por ela. Distinguir quando atos são corajosos, ao contrário de descuidado ou covardemente, por exemplo, é um ato de prudência.
Ela é classificada como um cardinal, quer dizer que uma virtude principal. Por outras palavras, prudência "dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida" (CCIC, n. 380).
Embora prudência seria aplicada a qualquer julgamento, as tarefas mais difíceis, que distinguem uma pessoa como prudente, são por exemplo, como quando uma pessoa determinar o que seria melhor dar como doações de caridade, ou decidir como punir uma criança, a fim de prevenir repetir uma ofensa.
Convencionalmente, prudência é o exercício de julgamento sadio em negócios práticos.
Modernamente, no entanto, a palavra tornou-se crescentemente sinônimo de cautela. Neste sentido, prudência nomeia uma relutância de tomar riscos, que permanece uma virtude com respeito aos riscos desnecessários, mas quando injustamente estendido (sobre-cautela), pode tornar-se o vício de covardia.

Métis, personificação da prudência

Métis, na mitologia grega, era uma deusa titânica, filha de Tétis e Oceano e personificação da prudência. Foi a primeira esposa de Zeus, que forneceu-lhe a bebida que fez Cronos regurgitar todos os filhos que havia engolido.
A primeira esposa de Zeus tem o nome de Métis, e foi esta forma de inteligência que permitiu a ele conquistar o poder: métis, a astúcia, a capacidade de prever todos os acontecimentos. Métis tem o poder de se metamorfosear, ela assume todas as formas, assim como Tétis e outras divindades marinhas. É capaz de virar animal selvagem, formiga, rochedo, tudo o que quiser. E desta forma tenta escapar de Zeus, mas acabou engravidando deste. Quando Métis estava grávida de Zeus, Gaia profetizou que Métis teria dois filhos: a primeira, Tritogenia, seria igual a Zeus em força e sabedoria, e o segundo seria reis de homens e deuses. Zeus, temendo que isto acontecesse, engoliu a deusa viva, tendo depois como fruto dessa relação Atena saída já adulta e armada para a guerra de sua cabeça; o "parto" de Atena foi feito por Prometeu e Hefesto, que abriu a cabeça de Zeus com um machado.
Conta Vernant em O universo, os deuses, os homens, "Zeus interroga Métis: ‘Podes de fato assumir todas as formas, poderias ser um leão que cospe fogo?’ Na mesma hora Métis se torna uma leoa que cospe fogo. Espetáculo aterrador. Zeus lhe pergunta depois: ‘Poderias também ser uma gota d’água?’ ‘Claro que sim’. “Mostra-me”. E, mal ela se transforma em gota d´água, ele a sorve. Pronto! Métis está na barriga de Zeus. Mais uma vez a astúcia funcionou. O soberano não se contenta em engolir seus eventuais sucessores (como havia feito seu pai Cronos): ele agora encarna, no correr do tempo, no fluxo temporal, essa presciência ardilosa que permite desfazer antecipadamente os planos de qualquer um que tente surpreendê-lo ou derrotá-lo. Sua esposa Métis, grávida de Atena, está em sua barriga. Assim, Atena não vai sair do regaço da mãe, mas da cabeça do pai, que é agora tão grande quanto o ventre de Métis. Zeus dá uivos de dor. Prometeu e Hefesto são chamados para socorrê-lo. Chegam com um machado duplo, dão uma boa pancada na cabeça de Zeus e, aos gritos, Atena sai da cabeça do deus, jovem donzela já toda armada, com seu capacete, sua lança, seu escudo e a couraça de bronze. Atena é a deusa inventiva, cheia de astúcia. Ao mesmo tempo, toda a astúcia do mundo está agora concentrada na pessoa de Zeus.""As astúcias do poder: Zeus e Métis", segundo Vernant.

A prudência em Tomás de Aquino

A rainha das virtudes, para S. Tomás, é a prudência. Realmente, é ela que regula o exercício de todas as outras, que, sem ela, não chegam a ser virtudes, porque não produzem frutos bons. O esforço do imprudente para o bem não passa de zelo intempestivo; pode ser meritório, mas é inútil ou prejudicial.
A palavra prudência não tem, para S. Tomás, a vaga tonalidade de receio que lhe dá a linguagem vulgar. A prudência é a virtude que nos ensina a proporcionar os meios aos fins. Pode aconselhar-nos a ser destemidos como a ser cautelosos, a intervir ou a não intervir, conforme as circunstâncias.
S. Tomás compara a prudência a uma arte, e, pela definição que dá, faz dela a arte de bem proceder. De fato, a prudência tem todos os caracteres duma arte. Não lhe bastam conhecimentos teóricos; é preciso saber aplicá-los aos casos que se apresentam, saber atender, com equilíbrio, a todas as condições, mesmo, e talvez principalmente, às que não se podem pôr em equação. Como a arte, como o bom gosto, que é uma arte, a prudência sabe pesar todos os elementos que influem no caso particular que estuda, avaliá-los pelo seu justo valor, e utilizá-los para a aplicação da regra geral que interessa ao caso.
Como vícios contrários à prudência, podem apontar-se a imprudência propriamente dita, a negligência, e as falsas prudências que põem a inteligência ao serviço, não do nosso verdadeiro fim, mas de qualquer bem sensível armado, injustificavelmente, em fim último.

Abaixo uma palestra sobre Prudência e conhecimento do Real em São Tomás de Aquino, promovida pelo Círculo de Estudos Políticos



Indicação de Livro

PRUDENCIA, A
Formato: Livro
Coleção: BREVES ENCONTROS
Autor: AQUINO, TOMAS DE (SANTO)
Idioma: PORTUGUES
Editora: WMF MARTINS FONTES
Assunto: FILOSOFIA
Preço: R$26,30 -  ou em até 3x de R$ 8,77 sem juros no cartão de crédito
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Mais detalhes:

ISBN: 8533621523 / ISBN-13: 9788533621527
Idioma: português
Encadernação: Brochura
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2005
Número de páginas: 152


Referências:
A prudência em Tomás de Aquino
Metis wisdom skill
Hesíodo, Teogonia, Os Deuses Titãs, 346-370
Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 1.2.2
Metis
Leadbetter, Ron. Zeus - Encyclopaedia Mythica.
Hesíodo, Teogonia, Os Deus Olímpicos, 886-900
Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 1.3.6
Hesíodo, Teogonia, Os Deuses Olímpicos, 929a
Hesíodo, Teogonia, Os Deuses Olímpicos, 924-929
Prudência

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