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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Reynard, a Raposa


Reynard é um ciclo literário bastante conhecida na França, na Inglaterra e na Alemanha sobre um ser antropomórfico e trapaceiro chamado Reynard, que se assume na forma de uma raposa vermelha.

A figura de Reynard surge originalmente no folclore alsácia-loreano desde o Sacro Império Romano-Germânico, de onde se espalhou até a França, nos Países Baixos, Alemanha e, posteriormente, Inglaterra.

O personagem é tratado extensivamente em francês antigo, no espectro de variantes da linguagem romântica falada em territórios que grosso modo, correspondem a metade setentrional da França moderna e partes da Bélgica e Suíça durante o período de 1000 a 1300.

Temos por exemplo o Le Roman de Renart de Pierre de Saint-Cloud, por volta de 1170.
Na história Reynard é convidado a corte do rei Noble, ou Leo, o Leão, para respnder as acusações feitas contra ele por Isengrim, o Lobo. Outros animais antropomórficos na história, incluindo Bruin o Urso, Baldwin o Asno, Tibert o Gato.
Alguns dos contos apresentam o funeral de Reynard, onde seus inimigos se reúnem para entregar elegias sentimentais cheias de piedade hipócrita, que caracterizará uma vingança póstuma de Reynard.

As histórias geralmente envolviam sátiras contra a aristocracia e o clero corrupto, fazendo de Reynard um herói-camponês popular.

Reynard aparece em primeiro lugar no poema Ysengrimus, um poema em latim atribuído ao poeta Nivardus. Neste poema o personagem principal é Ysengrimus (ou Isengrim), o lobo, e Reynard aparece como antagonista.

O Ysengrimus baseia-se nas mais antigas tradições das "fábulas bestiais" em latim (fábulas em que animais falam), como o Captivi Ecbasis, escrito no século XI; onde já existia uma oposição alegórica já tradicional entre o lobo e a raposa.

Ysengrimus é geralmente considerado uma alegoria para os monges corruptos e gananciosos da Igreja Católica Romana e o foco principal da crítica é a cobrança de indulgências. Um lobo entre as ovelhas, que se vê triunfado por Reinardus, a raposa, que representa a astúcia dos pobres e humildes.

Apesar do clero corrupto estar na mira das críticas dos contos de Reynard a Igreja Católica não via as histórias com maus olhos e até mesmo se apropriou da famosa raposa para fazer uma propaganda contra o Lollardismo, um movimento político surgido na Inglaterra que pregava uma série de reformas na Igreja Católica, entre elas, a mais polêmica, deixar que um leigo devoto tivesse o poder de executar os mesmos ritos de um padre, acreditando que o poder religioso e a autoridade resultam da devoção e não da hierarquia da Igreja.

A primeira releitura moderna da história apareceu em 1872, por Michel Rodange, um autor luxemburguês. Uma obra satírica adaptada no ambiente de Luxemburgo, conhecida por sua análise criteriosa das características únicas do povo de Luxemburgo, utilizando dialetos regionais e sub-regionais para descrever a raposa e seus companheiros.

Em 1937 há outra versão anti-semita do conto chamada Van den vos Reynaerde, escrita pelo belga Robert van Genechten, publicada pelo partido Nacional-Socialista holandês.

A história apresenta rinocerontes, insinuando o nariz judeu típico. Um deles é chamado Jodocus, que refere-se à palavra holandesa para o judeu. A história também apresenta um burro, Boudewijn, ocupando o trono. "Boudewijn" passou a ser o nome holandês do príncipe herdeiro belga contemporâneo. Esta é uma referência ao líder nazista belga Léon Degrelle, líder do  movimento "rexista" belga, um grupo de extrema-direita, católico, nacionalista, autoritário e corporativista.

Van den vos Reynaerde também foi produzido como um filme de desenhos animados pela Nederlandfilm em 1943. O filme foi financiado principalmente com dinheiro alemão. Enquanto ricamente orçamentado, nunca foi apresentado publicamente, possivelmente porque a maioria dos judeus holandeses já haviam sido transportados para os campos de concentração e o filme veio tarde demais para ser útil como uma peça de propaganda, possivelmente também porque o Departamento Popular de Informação holandês opôs-se ao fato de que a raposa, um animal visto tradicionalmente como "vilão", deva ser utilizado como herói.

Abaixo uma série de ilustrações feita por Wilhelm von Kaulbach










quarta-feira, 31 de julho de 2013

Prudência: Da Mitologia ao Debate Filosófico em Tomás de Aquino



Considerações gerais

Prudência, na mitologia é o nome romano de Métis, a deusa da prudência.
Classicamente, prudência é considerada uma virtude, e de fato, uma das quatro virtudes cardinais. A palavra vem de prudencia (expressão francesa do final do século 13), do latim prudentia (que significa previsão, sagacidade). Freqüentemente é associada com a sabedoria, introspecção e conhecimento. Neste caso, a virtude é a capacidade de julgar entre ações maliciosas e virtuosas, não só num sentido geral, mas com referência a ações apropriadas num tempo dado e lugar. Embora a prudência não execute qualquer ação, e está preocupada unicamente com o conhecimento, todas virtudes têm que estar reguladas por ela. Distinguir quando atos são corajosos, ao contrário de descuidado ou covardemente, por exemplo, é um ato de prudência.
Ela é classificada como um cardinal, quer dizer que uma virtude principal. Por outras palavras, prudência "dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida" (CCIC, n. 380).
Embora prudência seria aplicada a qualquer julgamento, as tarefas mais difíceis, que distinguem uma pessoa como prudente, são por exemplo, como quando uma pessoa determinar o que seria melhor dar como doações de caridade, ou decidir como punir uma criança, a fim de prevenir repetir uma ofensa.
Convencionalmente, prudência é o exercício de julgamento sadio em negócios práticos.
Modernamente, no entanto, a palavra tornou-se crescentemente sinônimo de cautela. Neste sentido, prudência nomeia uma relutância de tomar riscos, que permanece uma virtude com respeito aos riscos desnecessários, mas quando injustamente estendido (sobre-cautela), pode tornar-se o vício de covardia.

Métis, personificação da prudência

Métis, na mitologia grega, era uma deusa titânica, filha de Tétis e Oceano e personificação da prudência. Foi a primeira esposa de Zeus, que forneceu-lhe a bebida que fez Cronos regurgitar todos os filhos que havia engolido.
A primeira esposa de Zeus tem o nome de Métis, e foi esta forma de inteligência que permitiu a ele conquistar o poder: métis, a astúcia, a capacidade de prever todos os acontecimentos. Métis tem o poder de se metamorfosear, ela assume todas as formas, assim como Tétis e outras divindades marinhas. É capaz de virar animal selvagem, formiga, rochedo, tudo o que quiser. E desta forma tenta escapar de Zeus, mas acabou engravidando deste. Quando Métis estava grávida de Zeus, Gaia profetizou que Métis teria dois filhos: a primeira, Tritogenia, seria igual a Zeus em força e sabedoria, e o segundo seria reis de homens e deuses. Zeus, temendo que isto acontecesse, engoliu a deusa viva, tendo depois como fruto dessa relação Atena saída já adulta e armada para a guerra de sua cabeça; o "parto" de Atena foi feito por Prometeu e Hefesto, que abriu a cabeça de Zeus com um machado.
Conta Vernant em O universo, os deuses, os homens, "Zeus interroga Métis: ‘Podes de fato assumir todas as formas, poderias ser um leão que cospe fogo?’ Na mesma hora Métis se torna uma leoa que cospe fogo. Espetáculo aterrador. Zeus lhe pergunta depois: ‘Poderias também ser uma gota d’água?’ ‘Claro que sim’. “Mostra-me”. E, mal ela se transforma em gota d´água, ele a sorve. Pronto! Métis está na barriga de Zeus. Mais uma vez a astúcia funcionou. O soberano não se contenta em engolir seus eventuais sucessores (como havia feito seu pai Cronos): ele agora encarna, no correr do tempo, no fluxo temporal, essa presciência ardilosa que permite desfazer antecipadamente os planos de qualquer um que tente surpreendê-lo ou derrotá-lo. Sua esposa Métis, grávida de Atena, está em sua barriga. Assim, Atena não vai sair do regaço da mãe, mas da cabeça do pai, que é agora tão grande quanto o ventre de Métis. Zeus dá uivos de dor. Prometeu e Hefesto são chamados para socorrê-lo. Chegam com um machado duplo, dão uma boa pancada na cabeça de Zeus e, aos gritos, Atena sai da cabeça do deus, jovem donzela já toda armada, com seu capacete, sua lança, seu escudo e a couraça de bronze. Atena é a deusa inventiva, cheia de astúcia. Ao mesmo tempo, toda a astúcia do mundo está agora concentrada na pessoa de Zeus.""As astúcias do poder: Zeus e Métis", segundo Vernant.

A prudência em Tomás de Aquino

A rainha das virtudes, para S. Tomás, é a prudência. Realmente, é ela que regula o exercício de todas as outras, que, sem ela, não chegam a ser virtudes, porque não produzem frutos bons. O esforço do imprudente para o bem não passa de zelo intempestivo; pode ser meritório, mas é inútil ou prejudicial.
A palavra prudência não tem, para S. Tomás, a vaga tonalidade de receio que lhe dá a linguagem vulgar. A prudência é a virtude que nos ensina a proporcionar os meios aos fins. Pode aconselhar-nos a ser destemidos como a ser cautelosos, a intervir ou a não intervir, conforme as circunstâncias.
S. Tomás compara a prudência a uma arte, e, pela definição que dá, faz dela a arte de bem proceder. De fato, a prudência tem todos os caracteres duma arte. Não lhe bastam conhecimentos teóricos; é preciso saber aplicá-los aos casos que se apresentam, saber atender, com equilíbrio, a todas as condições, mesmo, e talvez principalmente, às que não se podem pôr em equação. Como a arte, como o bom gosto, que é uma arte, a prudência sabe pesar todos os elementos que influem no caso particular que estuda, avaliá-los pelo seu justo valor, e utilizá-los para a aplicação da regra geral que interessa ao caso.
Como vícios contrários à prudência, podem apontar-se a imprudência propriamente dita, a negligência, e as falsas prudências que põem a inteligência ao serviço, não do nosso verdadeiro fim, mas de qualquer bem sensível armado, injustificavelmente, em fim último.

Abaixo uma palestra sobre Prudência e conhecimento do Real em São Tomás de Aquino, promovida pelo Círculo de Estudos Políticos



Indicação de Livro

PRUDENCIA, A
Formato: Livro
Coleção: BREVES ENCONTROS
Autor: AQUINO, TOMAS DE (SANTO)
Idioma: PORTUGUES
Editora: WMF MARTINS FONTES
Assunto: FILOSOFIA
Preço: R$26,30 -  ou em até 3x de R$ 8,77 sem juros no cartão de crédito
Clique aqui para adquirir este livro

Mais detalhes:

ISBN: 8533621523 / ISBN-13: 9788533621527
Idioma: português
Encadernação: Brochura
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2005
Número de páginas: 152


Referências:
A prudência em Tomás de Aquino
Metis wisdom skill
Hesíodo, Teogonia, Os Deuses Titãs, 346-370
Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 1.2.2
Metis
Leadbetter, Ron. Zeus - Encyclopaedia Mythica.
Hesíodo, Teogonia, Os Deus Olímpicos, 886-900
Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 1.3.6
Hesíodo, Teogonia, Os Deuses Olímpicos, 929a
Hesíodo, Teogonia, Os Deuses Olímpicos, 924-929
Prudência

domingo, 7 de abril de 2013

Perseu



Perseu é um herói mítico, filho de Zeus e Dânae, conhecido por decapitar a Medusa.
A união de Zeus com Dânae é algo discutido por diversos pesquisadores e existem diversas versões da mesma história. A mais conhecida fala que Zeus, em forma de Chuva de Ouro, introduziu na torre de bronze e engravidou Dânae, a filha mortal do rei Argos.
Para Lactâncio, um autor cristão que viveu por volta do ano 300, diz que a chuva de ouro era uma expressão para uma larga soma em dinheiro que o rei imortal Zeus despejou no colo de Dânae, para compensar a desonra que ele fez nela.

A história de Perseu e Medusa também tem várias versões. Uma delas é que o encontro entre os dois se deu em um torneio.
Perseu se tornou um homem determinado e ambicioso e Polidectes, rei mitológico da ilha de Sérifo, com medo dessa ambição propôs um torneio o qual o vencedor seria quem trouxesse a cabeça da Medusa.
Movido pelo espírito aventureiro que era próprio da sua índole, Perseu aceitou!
Perseu na batalha contra Medusa foi ajudado pela Atena, que lhe deu um escudo tão bem polido que parecia um espelho, Hades, que deu um capacete que, quando usado, tonaria-o invisível e Hermes que lhe deu sandálias aladas.

A utilidade dos 3 ítens dados

O escudo espelhado foi de grande utilidade para Perseu, usado para que ele não olhe diretamente para Medusa e se transforme em pedra.
Perseu derrotou Medusa cortando sua cabeça e ofereceu esta à deusa Atena, que tinha colocado essa maldição nela.
Depois que Perseu matou Medusa, as irmãs dela, Esteno e Euríale tentam perseguí-lo, mas este escapa devido ao capacete dado por Hades, que o torna invísvel às Górgonas.
Em retorno a Hespérides, onde ficava o titã Atlas, condenado a segurar a abóbada celeste em seus ombros, Perseu pede para dormir aos arredores naquele dia, dizendo o seu feito. Atlas então desconfia que Perseu estivesse mentindo, pois nenhum mortal seria capaz de matar a rainha das Górgonas. Perseus então para provar que não estava mentindo mostra a Altas a cabeça da Medusa. Este olha e se transforma em pedra, seus ossos se transformaram em uma montanha, sua barba em floresta e sua cabeça o cume.

Continuando sua volta para casa, passou por uma ilha onde viu uma linda mulher acorrentada no meio do mar, não fossem as lágrimas que vertiam de seu rosto, teria confundido-a com uma estátua. Perseu pergunta a jovem o que fez para merecer tal punição, a moça então diz a ele: "Eu sou Andrômeda, minha mãe Cassiopeia ousou comparar sua beleza com as filhas de Poseidon, as ninfas do mar, e fomos castigados por isso. Poseidon mandou um monstro de Ceto destruir nossa cidade pelo erro de minha mãe e eu fui oferecida como sacrifício". Perseu diz que salvará a bela moça, se esta prometer casar com ele, mas antes de receber a resposta, uma grande onda se abriu no meio e o monstro marinho apareceu, sem pensar duas vezes Perseu vai de encontro ao monstro e, aproveitando sua vantagem de voar (devido as sandálias aladas que carregava consigo), ganha a sangrenta batalha. Os pais de Andrômeda lhe concedem sua mão e Perseu volta para casa com ela.

A vergonha de Polidectes

Ao chegar em Serifo, Perseu vê Polidectes e seus seguidores, perseguindo Dânae, sua mãe, para violentá-la. Perseu então convoca seus amigos para uma guerra contra o rei e seus fiéis que eram em maior numero. Quando a batalha parecia perdida, o herói lembra do que ocorrera a Atlas quando este fixou seus olhos no petrificante olhar da górgona Medusa e diz: "Aqueles que forem meus amigos, que fechem os olhos". Os que acreditaram então fecham seus olhos e Perseu ergue a cabeça de Medusa, todos que estavam contra ele (e inclusive alguns amigos descrentes) são petrificados, menos o rei, que percebera o que ocorreria e vira seu rosto, ele então pede clemência a Perseu: "Por favor, ó Perseu, me deixe viver, eu reconheço que tu és mais forte e que mataste a górgona, então não me mate também". O argiano responde: "Tratarei bem de você Polidectes, deixarei você em minha casa para jamais esquecer da covardia que me mostra agora". Perseu vira o rosto de Medusa na sua direção, petrificando-o, na posição de covardia em que ele se mostrava, levando a estátua para casa, jamais esquecendo do ocorrido.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quatro estágios de erotismo através dos mitos - C.G. Jung

Eva
Primeiro estágio. Afinidade puramente instintiva, puramente biológica, a mulher equiparada à mãe e só representa algo a ser fertilizado, a terra.

Helena
Segundo estágio. A figura da anima. Eros sexual. Nível estático e romântico, onde a mulher já tem adquirido algum valor como indivíduo.

Maria
Terceiro estágio. A personificação do céu, o "eterno feminino". Elevação de Eros às maiores alturas da devoção religiosa, espiritualizada. Maternidade espiritual. A espiritualização de Eva.

Sophia
Quarto estágio.Além do quase-insuperável terceiro estágio. Sapientia. A sabedoria que transcende o mais santo e puro. A virtude da verdade. A espiritualização de Helena.




Fragmentos de C.G. Jung - Psicologia da Transferência

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