sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

As Origens Espirituais do Patriarcado



As origens dos povos patriarcais remontam ao último período glacial onde o inverno era eterno, o ambiente era hostil, onde só os mais fortes sobreviviam e a caça era vital para alimentação e manter-se vivo por mais alguns dias.

O habitante da Era do Gelo se alimentava da carne, caçava para poder sobreviver, tornou-se espirituoso, cauteloso e acima de tudo um sobrevivente nato. Começou a forjar armas e a traçar estratégias para caçar suas presas.

Era uma época e lugar que não havia espaço para o descanso, a compaixão, a ociosidade senão a ação, movimento constante, a caça, apenas a vontade de viver em um clima hostil. Climas frios temperam o espírito, forjam um tipo de ser humano de caráter forte, em contraste com os que vivem em clima tropical que ajudam a forjar um indivíduo de índole egoísta, hedonista e um homem sem caráter.

A primeira migração de povos indo-europeus começa com o início do degelo seguindo o rebanho de renas rumo ao norte. Adriano Romualdi assinala que as primeiras migrações indo-europeias começam no início do Neolítico e consolida sua identidade na Era do Bronze.

As migrações indo-europeias ocorreram em épocas diferentes, a primeira podemos situá-la entre 2.200 e 2.000 a.C., e deram origem as civilizações do Irã, Índia védica e o império hitita.

Mais tarde, essa onda de migração deu origem aos povos gregos, latim, celtas e ibéricos.

Em todas essas migrações os povos indo-europeus conheceram e tiveram que enfrentar outros povos, de origem matriarcal como os povos danubianos, os pelasgos, etruscos e dravidianos que foram subsequentemente submetidos ou exterminados.

Como era a psicologia desses povos? Possuíam um forte senso de honra, uma hierarquia rígida, um senso de aventura e conquista. O sistema social era fundamentalmente patriarcal de onde se cultivavam valores como laços de sangue, de herança e seleção.

O chefe do clã, o pai, o líder eleito pelos seus pares era quem governava sua tribo. Um homem forte, caçador, disciplinado e líder virtuoso. É o típico homem cujo matriarcado moderno tanto repudia.
Uma característica fundamental foi a inventividade que permitiu o uso de metalurgia, do adestramento do cavalo e seu treinamento em combates para conquista do mundo.

Essas hordas de guerreiros e caçadores unidos por laços de sangue e uma forte disciplina militar estavam invadindo e conquistando civilizações decadentes regidas pelo matriarcado. Esta barbárie era a origem da aristocracia europeia. Foi a espada e o sangue que forjou os impérios posteriores.
Os arianos subjugando os dravidianos, os italianos os etruscos e os gregos sobre os Pelasgos foram o triunfo do patriarcado sobre o matriarcado.

A espiritualidade patriarcal é caracterizada pelo culto ao superior, ao sol, ao céu e a convicção em um reino mais elevado acessível apenas àqueles que lutam. Em contrapartida na espiritualidade matriarcal existe o culto da terra. Enquanto no patriarcado o homem é um filho do céu que retornar depois de sua morte, no matriarcado ele é um filho da terra, "da Terra és para a terra voltarás". É a premissa na qual os ritos fúnebres enterram-se os mortos devolvendo-os e amarrando-os à Mãe Terra, sem possibilidade de subir par ao alto.

Na espiritualidade patriarcal existe a adoração ao Deus pai, o rei dos deuses. Este é retratado como um guerreiro, outras vezes como um rebelde que derrubou os primeiros deuses para posicionar-se como governante. Seu símbolo é a força do raio e a lança. Odin-Wotan, Zeus-Júpiter, Indra e Perun, todos estes são deuses celestiais, patriarcas, pais de deuses e heróis. O culto da guerra e o heroísmo fazem parte desta visão de mundo.

Em todas as religiões indo-europeias existe uma luta entre poder patriarcal e o poder matriarcal, mitos de heróis que enfrentaram monstros de demônios com formas femininas como um reflexo das conquistas dos povos indo-europeus sobre os povos matriarcais. Temos como exemplos Hércules enfrentando Hera, Perseu contra Medusa, Beowulf contra Grendel e sua mãe maligna e o Rei Arturo contra sua irmã Morgana.

Nos mitos hebreus temos a história de Jacó, o favorito de sua mãe contra Esaú o favorito do pai. Esaú era um caçador, um homem barbudo um arquétipo do patriarcado e enquanto Jacó era um homem astuto, um agricultor afeito a ficar em sua tenda. Podemos ver como Jacó, aconselhado por sua mãe, consegue enganar Esaú para roubar-lhe sua herança. Essa é uma das maiores fraquezas dos povos patriarcais, sua ingenuidade. O guerreiro tem um código de honra que não consegue ver a malícia dos outros, enquanto a astúcia está associada ao arquétipo feminino.

O conflito entre patriarcado e matriarcado tem início com as invasões indo-europeias da Europa e Ásia. Os indo-europeus trouxe uma fé solar baseada na guerra, na alegria e na honra, enquanto os indivíduos matriarcais tinham fé na terra, nas trevas e na promiscuidade.

Os deuses patriarcais são viris, sábios, de temperamento agressivo, assim com a deusa do matriarcado representa a magia – em sua forma obscura -, o transbordamento da sexualidade, a escravidão, o medo.

Robert Graves, em seu livro OsMitos Gregos, diz que antes da chegada dos povos patriarcais, existia na Europa o culto da Grande Deusa a qual o homem temia e a paternidade não tinha nenhuma honra. A matriarca possuía várias amantes, mas não para a procriação, mas para o prazer e os filhos que nasciam, produto dessas orgias, não conheciam o pai.

No sistema matriarcal, as cavernas e cabanas - representações do útero -  eram lugares de veneração a deusa, onde a matriarca se reunia com seus filhos e amantes.

O sacrifício de homens a esta grande deusa era algo habitual nas culturas matriarcais. Reis e adolescentes foram sacrificados à deusa. Ela devorava a carne e o sangue deles regava os campos constituindo-se em uma forma mórbida de adoração.

Graves afirma que as invasões gregas do início do segundo milênio a.C., hordas de pastores que adoravam a trindade Ariana constituída pelas divindades Indra, Mitra e Varuna se estabeleceram pacificamente na Grécia central, foram aceitas como filhos da deusa. Assim, a aristocracia masculina se reconciliou com aristocracia feminina da Grécia e Creta.

Isso difere da maioria das versões em que os helenos arrasaram os habitantes nativos, os Pelasgianos. Entretanto, Graves está certo em apontar que a conquista indo-europeu foi uma conciliação entre o poder masculino e feminino.

Os próprios gregos incluíram as deusas do matriarcado em sua própria visão de mundo. Graves, sobre essa reconciliação, menciona que houve casamentos entre líderes gregos e sacerdotisas da deusa que determinou o sincretismo religioso entre aqueles povos.

Apesara da inclusão de deusas matriarcais, predominou o culto solar e de deuses do Olimpo. Não obstante estas conquistas, a influência matriarcal em larga escala terminou contaminando a visão aristocrática dos indo-europeus.

No entanto, em Esparta sempre prevaleceu o patriarcado em sua forma indo-européia. Uma civilização guerreira, com um culto a ação que fez dela a mais poderosa potência militar da Heliade.
Quando os gregos sucumbiram à influência do Oriente – propriamente feminino – entraram então em uma decadência que chegou ao fim com a conquista dos romanos.

A chegada do patriarcado foi a primeira grande revolução contra a paz perpétua do matriarcado. A chegada do culto à ação, da aventura contra o hedonismo e a promiscuidade que prevaleceu no mundo matriarcal.

As civilizações matriarcais eram sociedades envelhecidas, entregues ao hedonismo e a passividade, elas não conheceram o patriarcado. Estas civilizações pereceram lentamente. O patriarcado trouxe vida, trouxe uma nova cultura baseada no sangue e honra que fundaram as bases da Europa e do mundo ocidental.

Fonte: TRUJILLO, Fernando in El Poder del Patriarcado. Mexico, 2014
http://imaginacionalpoder77.blogspot.com.br/2014/04/el-poder-del-patriarcado-ii-origenes-y.html



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