sábado, 24 de janeiro de 2015

A necessidade do intermediário - C.G. Jung


Se o conflito entre nominalismo e realismo era apenas uma questão de entendimento lógico-intelectual, então não dá para entender por que não havia outra saída a não ser uma formulação conclusiva paradoxal. Mas como se trata de um conflito essencialmente psicológico, era necessário que uma formulação lógico-intelectual e unilateral acabasse no paradoxo. — E assim o homem e nenhum homem é denominado espécie. — A expressão lógico-intelectual, mesmo sob a forma de sermo, é simplesmente incapaz de fornecer a fórmula intermediária que sirva igualmente à natureza real das duas atitudes psicologicamente opostas, pois ela provém exclusivamente do lado abstrato e ignora completamente a realidade concreta.

Toda expressão lógico-intelectual, por mais perfeita que seja, retira da impressão objetiva sua vitalidade e imediatidade. Ela tem que fazer assim para poder chegar a uma formulação. Com isso se perde, no entanto, o que parece ser o mais essencial para a atitude extrovertida: a relação com o objeto real. Não há, portanto, nenhuma possibilidade de encontrar, através de uma ou outra atitude, uma fórmula de conciliação satisfatória. E mesmo que seu espírito o suportasse, o homem não poderia persistir nessa divisão que não diz respeito apenas a uma filosofia longínqua, mas ao problema diuturno do relacionamento do homem consigo mesmo e com o mundo. E como, no fundo, é desse problema que se trata, a divisão não pode ser resolvida discutindo-se os argumentos nominalistas e realistas. Para a solução, é preciso um terceiro ponto de vista, intermediário.


C.G. Jung - Tipos Psicológicos, Volume 6

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