quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Considerações sobre a Saudação Angélica

“Omnia in mensura, et numero, et pondere disposuisti.” – Sap. 11:21

Não só o mundo natural fez Deus com medida, número e peso, ou seja, com belíssima harmonia do todo e das partes, mas também Ele revelou sua sabedoria e seu amor na ordem sobrenatural. De todas as criaturas da graça a mais bela e formosa é a Santíssima Virgem. Tota pulcra es amica mea. (Cant. Canticorum IV, 7) A prece com que nós católicos saudamos a Santíssima Virgem – a Ave Maria - participa desta sua formosura e beleza sob muitos aspectos. Vejamos como esta beleza se revela em sua estrutura:



No passado, a Ave Maria era mais curta e não tinha a segunda parte que começa com “Santa Maria, etc.” Ou seja, a prece tinha 15 palavras, mais o nome de Jesus. Isso é muito significativo, porque os mistérios do Rosário são 15 e todos eles versam sobre algum mistério da vida de Cristo. Se representarmos a antiga Ave Maria de forma geométrica, teríamos um semicírculo no topo do qual colocaríamos o Nome de Jesus

Esta figura tem algumas propriedades notáveis:
1º - Ela lembra muito aquele gesto do sacerdote antes de dar a Comunhão na Santa Missa, em que ele segura a Hóstia sobre o cibório. Ora, o cibório é o vaso que contém a Nosso Senhor Eucarístico, assim como a Virgem Maria é o vas spirituale que portou a Nosso Senhor em seu ventre.

2º Assim como são 15 os mistérios do Rosário, assim também são 15 as palavras que culminam com a invocação do Sagrado Nome. Além disso, em um semicírculo dividido em 15 partes iguais como acima, cada uma das partes terá 12 graus (180 / 15 = 12) Ora, a meditação de cada mistério se faz com 12 orações: 1 Pai-Nosso, 10 Aves-Maria e 1 Glória.

Porém, com o passar do tempo a Igreja inseriu a segunda parte à Ave-Maria. Porém, esta segunda parte não desfigurou em nada a estrutura da prece original porque esta segunda parte também consta de 15 palavras. Ela poderia ser representada como um círculo fechado dividido por 30 partes iguais de 12º cada uma


Esta estrutura por sua vez revela outras analogias interessantes. Assim como o Nome de Jesus fica no centro da circunferência, assim também Cristo esteve no “centro físico” da Santíssima Virgem, em seu ventre. Não só isso, mas o Verbo Divino uniu-se ao centro de seu ser, à sua alma intelectiva, porque antes de conceber o Verbo em seu ventre, ela O concebeu em seu intelecto. E porque o Santo Nome está no centro e porque todos os raios – que são compostos pelas 30 palavras da prece – conduzem ao centro, assim também a Santíssima Virgem sempre conduz os seus devotos a Cristo. Por fim, é impossível olhar esta forma geométrica e não se lembrar dos ícones da Theotokos portanto o Verbo Encarnado em seu centro:

Por isso seria muito bom aprender a rezar o Rosário em latim, porque na língua portuguesa esta estrutura harmônica das palavras se perde.

Por Tiago Gadotti

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