Entrou no seminário de Marola no outono de 1942, mas em 1944, após a ocupação da região por alemães, foi forçado a voltar para casa.
O pai de Rolando era militante da Ação Católica, um conjunto de movimentos criados pela Igreja Católica no século XX, visando ampliar sua influência na sociedade, através da inclusão de setores específicos do laicado e do fortalecimento da fé religiosa, com base na Doutrina Social da Igreja.
Por influência do pai, Rolando tornara-se um seminarista devoto e convicto de sua fé, não parou de vestir a batina, contra o conselho dos pais preocupados com as ações de ódio anti-religioso espalhados na área.
Contexto de Violência
A Itália fascista enfrentava uma forte onda de terrorismo. De um lado o governo totalitário fascista, do outro brigadas vermelhas tinham a intenção de substituir o autoritarismo de Mussolini pelo totalitarismo de Stalin. No fogo cruzado, várias vidas foram ceifadas, dentre elas a de Rolando Rivi e mais 130 padres e seminaristas.
Entrementes, a guerra se fazia cada vez mais áspera, mesmo porque justamente naquela zona montanhosa havia a presença de formações partigiane, fortalecidas depois da queda do fascismo, que tinha levado à ocupação da península pelos alemães. À parte grupos minoritários de católicos democráticos, as fileiras partigiane eram compostas de comunistas, socialistas, e outros, unidos por uma forte ideologia anticatólica.
A ala mais extrema, a comunista, não se limitava a combater os alemães. Via no clero uma perigosa barragem para o próprio projeto revolucionário. O anticlericalismo tornou-se violento e cada dia mais ameaçador. Quando em 1944, os alemães ocupam o seminário de Marola, todos os jovens tiveram que voltar para casa, levando consigo os livros para poder continuar a estudar. Rolando continuou a considerar-se seminarista: além de estudar, frequentava quotidianamente a Missa e a Comunhão, recitava o rosário, meditava, visitava o Santíssimo Sacramento.
Morte pela Batina
Embora tivesse sido aconselhado a fazer de outro modo, não deixou de usar seu hábito religioso: os pais, de fato, lhe diziam: “Tire a batina. Não a use por enquanto…” Mas Rolando respondia: “Mas porque? Que mal faço em usa-la? Não tenho motivo para tira-la”. Fizeram-lhe notar que provavelmente era melhor tira-la naquele momento tão inseguro. Replicou Rolando: “Eu estou estudando para ser padre e a batina é o sinal que eu sou de Jesus”. Um ato de amor que ele pagará com a vida.
Uma manhã se veio a saber que alguns partigiani , durante a noite precedente, tinham-no agredido e humilhado. Como outros sacerdotes (Padre Luigi Donadelli, Pe.Luigi Ilariucci, Pe. Aldemiro Corsi e Pe.Luigi Manfredi) tinham sido assassinados pelos partigiani comunistas, o Pe. Marzocchini foi colocado em um lugar mais seguro e substituído na paróquia por um jovem Padre Alberto Camellini. Em 1º. de abril, todavia, o Pe. Marzocchini quis retornar à paróquia em San Valentino, mas a seu lado permaneceu o jovem sacerdote Padre Camellini, para com o qual Rolando tinha demonstrado logo grande simpatia. Em 10 de abril, quarta feira depois da Domenica in Albis, de manhã bem cedo, o rapaz já estava na igreja: celebrava-se a Missa cantada em honra de São Vicente Ferrer e Rolando participou, tocando o órgão. Terminada a cerimônia, antes de sair, combinou com os cantores para “cantar a Missa” também no dia seguinte. Saindo da igreja, enquanto seus pais iam trabalhar no campo, Rolando, com os livros embaixo do braço, dirigiu-se como de costume a estudar no bosque a poucos passos de sua casa. Vestia, como sempre, sua veste talar negra. Ao meio dia, seus pais o esperaram em vão para o almoço. Preocupados, puseram-se a procurar. Entre os livros, sobre a grama, encontraram um bilhete: “Não o procurem. Veio um momento conosco. Os partiggiani”. O pai e o Pe. Camellini, extremamente aflitos, começaram então a andar nos arredores, à procura do rapaz. Entretanto, Rolando, levado à força pelos partigiani a um esconderijo no bosque, iniciava sua via crucis. Foi despojado de sua batina, que os irritava, insultado, golpeado com a cinta nas pernas e esbofeteado. Permaneceu por três dias nas mãos de seus algozes, escutando blasfêmias contra Cristo, insultos contra a Igreja e contra o sacerdócio. Segundo testemunhas, foi açoitado e sofreu outras indizíveis violências.
Um dos sequestradores, aparentemente, se comoveu, propondo deixa-lo partir. Mas outros recusaram, ameaçando de morte aquele que tinha proposto a soltura. Prevaleceu o ódio pela Igreja, pelo sacerdote, pelo traje que o representa e que aquele rapazinho nunca tinha querido deixar de usar. Decidiram mata-lo: “Amanhã teremos um padre a menos”. Levaram-no, sangrando, a um bosque próximo a Piane di Monchio (na província de Modena), onde havia uma fossa já escavada. Rolando entendeu que ia morrer, chorou, pedindo que sua vida fosse poupada. Com um pontapé o jogaram no chão. Então pediu para rezar pela última vez. Ajoelhou-se e depois dois tiros de revolver o fizeram rolar na vala. Foi coberto com poucas pás de terra e folhas secas. A batina do “padreco” tornou-se uma bola para chutar, sendo depois pendurada, como um troféu de guerra, sob o telhado de uma casa vizinha. Era sexta feira, 13 de abril de 1945, comemoração do martírio do jovem Santo Ermenegildo (no ano de 585). Rolando tinha quatorze anos e três meses.
Beatificação
Após uma série de curas reconhecidas como milagrosa pela Igreja Católica, no dia 07 de janeiro 2006 foi aberta pela Arquidiocese de Modena a sua causa de canonização.
A cerimônia de beatificação, celebrada no último dia 05 de outubro, na cidade de Modena, Itália, foi presidida pelo Cardeal Angelo Amato, atual prefeito da Congregação para causa dos santos.
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