sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Shirin, a heroína Iraniana

Shirin se banhando

Existe muitos mitos e verdades históricas misturadas e espalhadas por diferentes versões da história de Shirin.

História

Shirin era a esposa do Xá Cosroes II, o último rei do Império Sassânida, o último império pré-islâmico no Irã.
O Império Sassânida foi reconhecido como uma das principais potências da Ásia Ocidental e Central, juntamente com o Império Romano/Bizantino, por um período de mais de 400 anos.  Durante sua existência, o Império Sassânida dominou os territórios dos atuais Irã, Iraque, Afeganistão, o leste da Síria, o Cáucaso (Armênia, Geórgia, Azerbaijão e Daguestão), o sudoeste da Ásia Central, parte da Turquia, certas áreas litorâneas da península Arábica, a região do golfo Pérsico, e algumas regiões do Baluquistão paquistanês.
O período sassânida, durante a Antiguidade Tardia, é considerado um dos mais importantes e influentes períodos históricos da história da Pérsia e do Irã, e constituiu o último grande império iraniano antes da conquista muçulmana e a adoção do islamismo pela população local.
Cosroes II  foi o vigésimo segundo Rei Sassânida da Pérsia. Seu maior feito foi ter invadido o Império Bizantino e saqueado a cidade de Jerusalém durante o reinado do imperador Heráclio.
Cosroes II era também filho de Hormisda IV da Pérsia, que reinou de 579 até 590.
A história de Shirin é uma história épica que está ligada a própria história da nação iraniana e sua trajetória é compartilhada na cultura islâmica, pré-islâmica e cristã oriental.

Depois de um golpe de Estado acontecido com a morte pai de Cosroes II, o general Bahram Chobin toma o controle do império Persa.
Shirin e Cosroes II fogem para Síria e conseguem ficar protegidos sob a tutela do Império Bizantino de Flávio Maurício Tibério Augusto, no santuário de São Sérgio, em Resafa. Onde esperam reunir forças e se vingar.
Um ano depois, em 591, Cosroes II retorna a Pérsia e retoma o controle do império, e faz de Shirin a rainha. Shirin aproveita do seu prestígio político para apoiar uma minoria cristã que vivia dificuldades no Irã, no entanto, devido a situação política, e uma certa tensão histórica que teria surgido ocasionalmente entre dois impérios, ela foi obrigada a fazê-lo discretamente.

Versões Islâmicas e Cristãs

A versão islâmica conta que ela deu suporte aos cristãos como cordialidade a hospitalidade do Império Bizantino, no entanto, nas áreas de maior influência cristã, até hoje, se endosssa a versão que shirin teria se convertido cristã e seria membro da Igreja Nestoriana (também conhecida como Igreja do Oriente), uma igreja cristã de tradição siríaca e depois teria se convertido a Igreja Ortodoxa Síria, aos 15 anos.
Uma história interessante que se conta é que no ano 614, quando os Persas invadiram Jerusalem, eles supostamente teriam capturado a cruz onde Jesus foi crucificado, e teriam levado a antiga capital do Império Arsácida, onde Shirin mandou construir seu palácio.

A versão islâmica da história de Shirin é contada principalmente num épico chamado "Cosroe e Shirin" pelo poeta muçulmano Nizami.
Nizami é considerado, por excelência, o maior poeta épico de toda a literatura persa, trazendo para a epopéia um novo estilo coloquial e realista. Sua herança é amplamente apreciada por todo o mundo árabe.
Nizami também é considerado um símbolo da era de ouro do Islã, onde a religião fundia elementos dos mais variados campos do saber, como matemática, astronomia, astrologia, alquimia, medicina, botânica, direito, história, ética, filosofia, esoterismo, música e artes visuais.

Nizami Ganjavi.

Literatura, a presença Farhad

Um terceiro elemento intermediário entre Cosroes e Shirin aparece em versões literárias. A de um operário chamado Farhad.

Na história do romance, Shirin foi a filha de um homem pobre. Foi sequestrada a mando do Xá cosroe, que imediatamente se apaixonou por sua excepcional beleza, e deu grandes recompensas para aqueles que a tinham trazido. Mas, para sua grande decepção, ele descobriu que Shirin foi indiferente ao seu amor. Ele fez de tudo para agradá-la e fazê-la disposta a casar com ele, mas todo o esforço teve o efeito contrário.
Shirin, com o passar dos anos foi perdendo a esperança de ser resgatada e resolveu aceitar o pedido de Faras com a condição de que um Canal fosse construído como um memorial da ocasião. Este canal, nos planos dela, serviria para adiar o máximo possível a data do casamento.
O Xá, como era tão fascinado por sua juventude e beleza, aproveitou o menor sinal dela ceder as suas vontades e imediatamente mandou os engenheiros e arquitetos da corte para começar a trabalhar em um canal sem demora, e para realizá-lo o mais cedo possível.
Momento em que Cosroes vê Shirin
pela primeira vez.  Nizami.

Quando o canal estava quase concluído, o Xá pediu para Shirin dar uma olhada. Ela, desanimada, foi ver o canal temendo o fato que em breve estaria terminado e ela teria que ceder aos desejos do Xá, que ela considerava pior do que a morte.
Enquanto ela estava andando, olhando para os trabalhos em curso, onde milhares de trabalhadores foram ocupados dia e noite, para sua grande surpresa, um operário chamado Farhad chegou, ficou imensamente fascinado por sua beleza e charme, e sem medo, exclamou: "O Shirin, eu te amo". Então ela respondeu, "Você me ama? Prove-me!" Apontou o dedo para uma montanha e disse você irá atravessar essa montanha.
Shirin propôs ao Xá que um desafio entre ele e ao amante, ela se casaria com o amante caso conseguisse atravessar a montanha antes do canal ser construído.
Se o canal for concluído antes, seu amor pertenceria ao Xá. Vendo que era humanamente possível um homem atravessar uma montanha, o Xá aceitou o desafio, por diversão.
Farhad foi para as montanhas no deserto e começou a quebrar as pedras com sua própria picareta, repetindo o nome de Shirin a cada golpe que desferia na montanha.
O poder do homem é a força de seu corpo, mas o poder do amor é o poder de Deus. Mal o trabalho tinha iniciado e já se aproximava a conclusão.
Os espiões do rei estavam assistindo Farhad de longe, e imediatamente enviaram um relatório anunciando que Farhad havia terminado seu trabalho antes de o canal ser concluído. O Xá ficou aborrecido, Farhad teria consquistado o amor de Shirin e nunca mais seria sua.
O Xá, motivado por um de seus confidentes, resolve então praticar um atentado contra a vida de Farhad, no entanto, desiste, temendo o ódio de Shirin. Então, ele elabora um outro plano. Manda um de seus mensageiros avisar Farhad que Shirin falecera, e que, infelizmente seu trabalho foi em vão.
O amor de Farhad é o que o mantinha vivo, quando o amor se tranforma tristeza ele sente o peso do seu esforço físico e morre de exaustão.
Shirin ficou sabendo dos feitos de Farhad, que ele teria por amor atravessado uma montanha da noite para o dia. Ela teria pegado seu cavalo a noite, e queria ver com seus próprios olhos a obra, e tinha a esperança de encontrar Farhad o quanto antes.
Para sua maior tristeza e decepção era tarde demais, Shirin encontra o corpo de Farhad deitado ao lado da obra, junto com os espiões do Xá, que dão a ela os pêsames da sua morte. Shirin morre de tristeza.

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